terça-feira, 27 de novembro de 2012

ESTREMEÇO










Eu versus Mundo. Eu versus Outros. Eu versus Destino. Eu versus "Eu".

Estremeço, o mais novo trabalho da Cia. Stravaganza, que completou neste ano 24 anos de existência, pode ser encarado como uma pesquisa imagética e fragmentada sobre a "auto-espetacularização" do homem e o confronto dessa condição com a realidade, seja ela vista pelos outros, pelo próprio indivíduo, ou, simplesmente, com o que ela é.


A diretora convidada Camila Bauer, juntamente com o elenco da companhia, mergulhou na dramaturgia de Joel Pommerat em um trabalho continuado que durou um ano, entre leituras e estudos do texto, oficinas com artistas convidados, laboratórios e muitas, muitas horas de ensaio. Entre vários encontros, foram realizados estudos com profissionais como Carlota Albuquerque, Diego Mac, Jeremy James e John Mowat. O espetáculo estreou dia 22, último, e já desperta repercussões nos bastidores da cena teatral gaúcha.


Em cena, temos o palco, praticamente nu. De início, somos convidados a conhecer a vida do homem que se intitula apresentador do show da noite. De cara, somos expostos ao grande mote da obra: a imagem contemporânea de um homem que acredita que sua vida é um espetáculo.


Durante pouco mais de uma hora, vemos cenas que narram a vida, as ações, as condições de diferentes personagens, que podem ser apenas "um": o "um" que acredita fielmente que suas ideias irão se sobrepôr às ideias do mundo, o "um" que se defronta com a ausência de sonhos, muitos que se decepcionam e decepcionam. Um homem que quer, a todo custo, ser herói, mas que pode ser como qualquer outro.



Desta forma, os atores foram desafiados a se afirmarem enquanto agentes criadores e, em processo, se desconstruírem. Assim, verificamos a construção das diferentes personagens a partir de uma tentativa de desmitificação dos próprios artistas envolvidos, da revisão e reformulação de suas virtudes e do reposicionamento de suas funções.


Para os apreciadores das experimentações cênicas que ainda bebem na vanguarda surrealista do século XX, e que hoje nos arriscamos a chamar de Teatro Pós-Dramático, Estremeço é um prato cheio, onde situações, personagens e histórias se apresentam e se misturam, sem raiz cronológica ou racional, tudo regado a inúmeras camadas semióticas que ora confirmam, ora se distanciam das proposições dramatúrgicas.  


Estremeço foi contemplado com o Prêmio Myriam Muniz de Montagem Teatral (Funarte), além de integrar o projeto vencedor do Edital de Fomento ao Trabalho Continuado 2011, concedido pela Prefeitura de Porto Alegre. Fica em cartaz apenas até dia 02 de dezembro, no Teatro Renascença, de quinta à domingo.



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Direção
Camila Bauer
Elenco
Adriane Mottola, Cassiano Ranzolin, Duda Cardoso, Fernanda Petit, Janaina Pelizzon, Lauro Ramalho, Rodrigo Mello, Sofia Salvatori
Tradução
Giovana Soar
Cenografia
Élcio Rossini
Figurino
Cássio Brasil
Trilha Sonora Original
Nico Nicolaiewsky
Iluminação
Luiz Acosta
Confecção de Objetos
Cia gente falante
Direção de vídeo
Bruno Gularte Barreto
Assistência de Direção
Matheus Melchionna
Preparação Corporal
Carlota Albuquerque
Cabelos e Maquiagem
Elison Couto, by The Cut
Assistência de Figurino
Duda Cardoso
Confecção de Figurino
Naray Pereira
Efeitos Sonoros
Paulo Arenhart
Mixagem da Trilha
Tiago Abraão
Operação de Som
Vitório Azevedo
Programação Visual
Rodrigo Mello
Pintura
Gelson Radaelli
Fotos
Vilmar Carvalho
Divulgação
Lauro Ramalho
Projetos
Luciana Britto
Produção
Adriane Mottola, Duda Cardoso, Fernando Kike Barbosa
Realização
CIA TEATRO DI STRAVAGANZA





sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Artimanhas de Scapino


Neste domingo, dia 18, chega ao final a 3° e última temporada do ano do espetáculo "Artimanhas de Scapino", montagem comemorativa dos 10 anos da Companhia Teatro ao Quadrado. O texto de Molière na adaptação dirigida por Margarida Leoni Peixoto completará 31 apresentações ao longo de seis meses. Foram três apresentações no Theatro São Pedro, 12 no Teatro Bruno Kiefer da Casa de Cultura Mario Quintana e outras 13 no Teatro de Câmara Tulio Piva, além de apresentações nas cidades de Montenegro, Lajeado e Passo Fundo.


Este belo trabalho começou a ser planejado ainda em 2010, com dos diretores da companhia, Margarida Leoni Peixoto e Marcelo Adams, de montar o texto clássico francês, a partir da tradução de Carlos Drummond de Andrade. Em 2011, os diretores inscreveram o projeto no Prêmio Myriam Muniz da Funarte. Contemplado, os trabalhos iniciaram naquele ano mesmo, com a criação e o desenvolvimento de todo a concepção. Deste período de pesquisa,  surgiram as idéias de figurino, cenário e a escolha do elenco.



Em março de 2012 começaram os ensaios diários, que se realizaram no Centro Cenotécnico do Instituto de Artes Cênicas do RS, no Teatro do Museu do Trabalho, na Casa de Cultura Mario Quintana. O elenco, formado por Marcelo Adams (Scapino), Claudia Lewis (Zerbineta), Gustavo Susin (Leandro), Luísa Herter (Jacinta), Carlos Paixão (Argante), Paulo Vicente (Gerôncio), Marcelo Mertins (Silvestre) e Vinícius Meneguzzi (Otávio), tiveram aulas semanais com Marcos Chave, responsável pela trilha sonora e preparação vocal, e com Larissa Sanguiné, que além de assinar as coreografias, foi responsável pela preparação corporal.



Em maio, os figurinos foram apresentados: a exuberância das peças e o capricho do acabamento tiveram a supervisão de Claudio Benevenga. Elcio Rossini revelou o cenário, uma referência aos velhos casarões napolitanos do século XVIII. Com todos os elementos e marcações definidas, coube a Fernando Ochoa dar o acabamento com a iluminação especialmente criada para a encenação.



A formação do elenco valorizou ainda mais o texto e as personagens de Molière, na medida em que mesclou jovens talentos com atores experientes, veteranos dos palcos gaúchos. É o caso de Paulo Vicente e Carlos Paixão, que andavam sumidos nos últimos anos, mas que retomaram a cena com o talento específico que somente eles têm: Paulo é o elã em cena, com entusiasmo e carisma únicos. Paixão brinca com o texto e com a comédia, com os tempos e com as suas piadas. Marcelo Adams é o protagonista, Scapino, e não são poucas as pessoas que comentam sempre, ao final do espetáculo, de onde ele consegue tirar fôlego e potência para conduzir as ações do espetáculo.



Na ala jovem, estão Marcelo Mertins, Vinícius, Luísa, Claudia e este que vos escreve. Somos cinco jovens com ânimo que só o teatro consegue introjetar em nossas veias, aprendendo com esta incrível equipe que levantou a peça.



Não são poucos os motivos para não se perder estas últimas apresentações. Nova temporada, só em 2013 (se houver). Além disso, Artimanhas de Scapino é uma grande celebração não só ao teatro e as artes, mas à vida, e todos os encantos que ela nos traz. Uma comédia que além de explorar um universo extremamente divertido e tradicional, emociona o público com sua magia e paixão. Não percam!

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Texto: MOLIÈRE
Direção: MARGARIDA LEONI PEIXOTO
Elenco: MARCELO ADAMS, CLAUDIA LEWIS, GUSTAVO SUSIN, LUÍSA HERTER, MARCELO MERTINS e VINÍCIUS MENEGUZZI
Atores convidados: CARLOS PAIXÃO e PAULO VICENTE
Figurinos: CLÁUDIO BENEVENGA
Cenografia: ÉLCIO ROSSINI
Iluminação: FERNANDO OCHÔA
Trilha sonora: MARCOS CHAVES
Letras das canções: MARCELO ADAMS
Coreografias: LARISSA SANGUINÉ
Maquiagem: MARGARIDA LEONI PEIXOTO
Produção e realização: CIA DE TEATRO AO QUADRADO
Financiamento: PRÊMIO MYRIAM MUNIZ DE TEATRO 2011- FUNARTE